Nos últimos meses, muito se tem falado da alta do dólar ($) estadunidense em relação ao real brasileiro (R$). Em maio de 2020, a moeda norte-americana bateu um recorde nominal de cotação, se desconsiderarmos a inflação, fechando no patamar de R$ 5,90 pela primeira vez na história. Nesse MESMO mês, as cotações comerciais chegaram a R$ 5,9449. Já o dólar turismo atingiu a marca dos R$ 6,1508, sem considerar o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF).
Todo esse falatório deve-se, entre outras razões, ao fato de o dólar estadunidense ser a principal moeda no mercado de câmbio, base para transações financeiras e utilizada em grandes movimentações da economia pelo mundo afora. Embora essa hegemonia das verdinhas nos pareça algo tão natural – fato ao qual já estamos tão acostumados que nem questionamos –, nem sempre foi assim.
De fato, o protagonismo da moeda estadunidense começou a se estabelecer a partir da Primeira Guerra Mundial – antes disso, a libra esterlina, utilizada pelo Reino Unido, é que detinha uma preponderância semelhante à que o dólar tem hoje. Em 1917, os Estados Unidos da América (EUA) entraram nessa guerra e concederam empréstimos à França e à Inglaterra, o que ajudou a atrelar as moedas desses aliados europeus à moeda ianque.
Mais tarde, no fim da Segunda Guerra Mundial, a hegemonia se consolidou ainda mais. Os EUA desempenharam um papel de destaque no conflito, conquistando imenso poder geopolítico. Como reflexo disso, a conferência de Bretton Woods, realizada em 1944 com o objetivo de estabelecer as regras para as relações comerciais e financeiras entre os países mais industrializados do mundo, elegeu o dólar como a moeda internacional, pareada em ouro – enquanto isso, as outras deveriam manter sua conversibilidade em moeda americana, podendo oscilar. Além disso, a reconstrução de economias dos países se deu em grande parte com empréstimos feitos em dólares.
Essa breve aulinha de história é importante para entendermos que a valorização/desvalorização de uma moeda é reflexo de fatores complexos, relacionados a fatores econômicos e geopolíticos, e tem impacto direto na vida das populações. Por exemplo, para um turista que precise comprar em dólares, a desvalorização do real tem impactos muito negativos, e certamente os viajantes de outrora olham saudosos para os áureos tempos em que essa cotação ficava-se pelos R$ 2,00.
Mas e para quem trabalha com mercado de importação? Quais são os principais pontos positivos e negativos da atual conjuntura? Em quais ameaças devemos ficar de olho? Pois bem. Neste post, descomplicamos esse assunto e apresentamos as respostas a essas perguntas.
Continue a leitura pra não perder nenhuma oportunidade que está em jogo!
O impacto da alta do dólar
É um raciocínio simples e intuitivo:
– se um dado produto custa $ 8,00 e você o paga esse valor em reais, a primeira coisa que você faz é olhar o câmbio; se pegar uma cotação em que $ 1,00 vale R$ 4,00, isso significa que você precisará de R$ 32,00 para comprar esse produto.
– agora, se o real desvalorizar por X razões, ou seja, se forem necessários mais reais para comprar um único dólar, o preço vai ser outro – imaginemos que a cotação passa a ser de um por seis: sendo assim, você irá pagar R$ 48,00 pelo produto que custa $ 8,00, o que representa uma alta de 50%.
Portanto, de forma geral, podemos afirmar que, quando o dólar tem um aumento considerável, a importação se torna mais desvantajosa para os negociadores brasileiros, que pagam em real. Uma vez que praticamente todas as negociações acontecem na moeda americana, via de regra, fica mais caro trazer produtos de vários outros países para cá. Isso pode, sim, representar uma ameaça às operações e até inviabilizar a importação por um certo período de tempo.
Mas, fique atento, porque há oportunidades mesmo nessa conjuntura aparentemente desfavorável!
Vejamos a seguir algumas estratégias que podem e devem ser consideradas neste período.
Renegociação de valores com os fornecedores atuais
Ao falarmos de importação, quando o real desvaloriza, não é só o valor da mercadoria que sente o impacto. Os outros custos (como frete, seguro, impostos etc.) também aumentam, e tudo isso gera o chamado “efeito cascata”.
Contudo, se a compra ficar inviável, os fornecedores também deixarão de vender – e eles costumam ser sensíveis a esse argumento. Então, uma boa estratégia é entrar em contato e renegociar os valores, tentando obter melhores preços. Em um contexto de crise mundial como o que vivemos, certamente há vantagem também para quem vende estabelecer esse campo de diálogo para não perder o cliente. É bom lembrar que, por exemplo, os EUA vivem uma crise que fez a economia desse país encolher 33% no segundo trimestre de 2020, a pior queda já registrada.
Então, há, sim, espaço para barganha.
Agora, se a negociação não tiver dado certo com um determinado fornecedor, não desista: tente outras opções – porque quase sempre as há, a não ser que estejamos falando de produtos exclusivos. Reavaliar uma parceira é um procedimento corriqueiro e inclusive ajuda a conhecer melhor o mercado.
Tente rever custos operacionais
A alta do dólar pode ser uma boa oportunidade para importadores reverem seus custos operacionais.
Por exemplo, imaginemos um importador que faz um pente fino em sua forma de trabalhar e descobre que é vantajoso contratar um armazém alfandegário até que o valor da moeda americana caia de novo.
Isso significa que esse negociador acabou de ganhar uma vantagem competitiva sobre os seus concorrentes que não tiveram a mesma iniciativa, o que pode inclusive representar conquista de market share, ou seja, uma maior presença no mercado.
Oportunidade de reorganização interna
Quando referimos anteriormente “custos operacionais”, não aludimos apenas àqueles diretamente ligados à importação propriamente dita. É importante também pensar de forma mais ampla, que abranja processos logísticos, contábeis, financeiros e fiscais.
Esse estudo aprofundado da vida da empresa vai ajudar na tarefa de identificar qual a dimensão do impacto dessa alta do dólar. A partir disso, é possível ter um maior controle das ações que devem ser implementadas para preservar a saúde financeira e a viabilidade do negócio. Podem ser ações simples, como economizar na conta de energia, ou mais complexas, como automatizar algum processo ou frear investimentos.
Uso de drawback
Já ouviu falar em “drawback”? Trata-se de um regime aduaneiro especial, facultado pela lei brasileira, que permite a suspensão ou a isenção de tributos para a importação de produtos que sejam utilizados em outro produto que será exportado. Os valores podem ser reembolsados pela Receita Federal ou ficar suspensos por um dado tempo. A ideia é precisamente incentivar as exportações do nosso país, tornando-o mais competitivo no cenário internacional.
Considerando o atual cenário de alta do dólar, o horizonte da isenção de impostos é uma excelente oportunidade, cuja viabilidade vale a pena considerar. Ah, e se o preço do dólar acaba baixando depois, é gerada uma vantagem de crédito tributário para a empresa.
É importante lembrar que toda crise traz em si a semente da oportunidade.
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Até o próximo post!