O valor de frete é uma das despesas que mais incidem sobre as operações logísticas e influenciam diretamente o custo final de um produto.
Nos últimos meses, o preço do frete internacional alcançou valores históricos, o que acendeu um alerta para o preço dos insumos importados. De fato, o índice geral de preço do frete marítimo internacional, o chamado World Container Index, que apresenta o valor por container de 40 pés, foi cotado próximo de US$ 9 mil em junho de 2021, um valor mais de quatro vezes maior do que o praticado no mesmo período de 2020 (US$ 2,0 mil).
Esse custo elevado acaba tendo um efeito cascata. Por exemplo, o valor do armazenamento aumenta em função do aumento do frete, já que o tempo de espera para o transporte dos produtos é maior, precisamente devido ao ritmo mais lento de embarques.
É oportuno lembrar que cerca de 80% do transporte de cargas mundiais se dá por via marítima, conforme aponta a Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD). É por meio desse modal que quase todos os produtos manufaturados – incluindo medicamentos, eletrônicos, roupas e produtos alimentícios – transitam ao redor do mundo.
Mas por que os valores estão tão altos? Quais fatores contribuíram para essa elevação do custo do transporte de contêineres? Qual o cenário para os próximos meses? E, por último, enquanto os valores não baixam, o que as empresas podem fazer para não comprometer os contratos já fechados ou mesmo inviabilizar os próximos contratos?
Quer saber as respostas a essas perguntas? É só continuar a leitura, pois, em seguida, dissecamos a situação atual do frete contexto do comércio internacional.
Afinal, por que o preço do frete internacional subiu tanto?
Uma resposta sucinta a essa pergunta, em duas palavras: pandemia do Coronavírus (Covid-19).
De fato, a crise global do Coronavírus fez os volumes de frete das exportações brasileiras atingirem valores consecutivos recordes desde março de 2020, mês em que Organização Mundial da Saúde (OMS) decretou inicialmente o início da pandemia. Nessa altura, a China começou a adotar os chamados “lockdowns” e outras medidas restritivas para conter a propagação do vírus. Assim, várias cadeias logísticas suspenderam as suas atividades por semanas inteiras.
Isso tudo acabou levando a uma demanda represada por transporte nas principais rotas comerciais mundiais. Consequentemente, no primeiro semestre de 2021, em média, os fretes tiveram aumento de 500% no que diz respeito à rota Brasil-Estados Unidos.
Ao longo de 2020, também aumentou a demanda pelo comércio internacional. Mais reclusos e impossibilitados de gastar com viagens e atividades tradicionais de lazer, consumidores de todo o mundo mudaram os seus comportamentos de compra, passando a destinar a renda economizada com serviços para a aquisição de bens, investindo em reformas das casas e em produtos para o lar, incluindo móveis e eletrodomésticos.
Coloquemos as coisas desta forma para que fique bem claro o efeito dominó envolvido nesta questão:
De um lado, um aumento sem precedentes da demanda por frete levou à falta de espaço nos contêineres. De outro lado, temos interrupções na oferta: congestionamento dos principais portos devido à pandemia, trabalhadores portuários e marítimos infectados por Covid-19, quarentena em navios, portos e terminais.
Portanto, em suma, podemos afirmar que existe um excesso de demanda por transporte, descompassado com a oferta de frota, o que leva a um aumento sem precedentes das tarifas de frete.
Qual a situação no resto no mundo?
A alta nos preços dos fretes marítimos é um problema global.
Um exportador americano que deseja hoje enviar cargas para um parceiro asiático, por exemplo, chegou a pagar mais de 20 mil dólares para um contêiner de 40 pés.
No Brasil, as tarifas atuais, embora altas, estão ainda abaixo dos preços praticados em outras rotas comerciais, como os Estados Unidos-Ásia ou Estados Unidos-Europa. Isso acaba ajudando a manter as exportações nacionais aquecidas. Ou seja, os concorrentes internacionais de alguns produtos brasileiros estão sendo ainda mais penalizados em outras regiões do globo, o que mantém uma janela de oportunidades para os operadores locais.
Qual o cenário para os próximos meses e como driblar a atual situação?
Atualmente, podemos afirmar que, paralelamente aos preços elevados, um dos principais gargalos do comércio internacional é competição acirrada por espaço no transporte marítimo, fruto do aumento da demanda.
Mesmo com o reforço na produção de novos navios e contêineres, tudo indica que a oferta de transporte e a disponibilidade de espaço serão insuficientes, no curto prazo, para atender à crescente demanda global. A construção de frota em estaleiros não é propriamente algo rápido, podendo levar anos para um navio ser concluído. Além disso, o aumento da capacidade de transporte dos armadores também será lento.
Por outras palavras, infelizmente, a alta nos preços dos fretes marítimos deve continuar a atingir novos máximos ainda em 2021 – essa é a tendência. Os calores permanecerão acima dos níveis pré-pandêmicos, pelo menos em médio prazo.
Mais do que nunca, planejamento antecipado da cadeia produtiva e logística é algo fundamental para os operadores do comércio exterior. Se no primeiro semestre de 2020, um fabricante de lingotes de alumínio levava, em média, 50 dias para fabricar, transportar e entregar a carga ao cliente norte-americano, este período aumentou em média 25%.
Se antes o frete internacional deveria ser acordado até 15 dias antes do embarque, agora é necessário fazer isso com mais antecedência para cumprir o prazo de entrega prometido ao cliente. Assim, o processo logístico também precisa ser antecipado em pelo menos duas semanas.
Em tempos tão desafiadores, a melhor solução é contar com quem é especialista no ramo. A Open Market tem décadas de expertise no comércio exterior, ajudando as empresas brasileiras a fecharem os melhores e mais vantajosos negócios, mesmo sob as condições mais adversas. Quer conhecer mais sobre o nosso trabalho e como podemos ajudar a sua empresa? Entre em contato conosco agora mesmo para uma avaliação personalizada das suas necessidades.
A gente se vê no próximo post!
Open Market – Comércio Exterior