Ao longo da história, há cerca de pelo menos uns 7 mil anos, os seres humanos comercializam bens entre diferentes regiões do mundo – das relações comerciais indo-mesopotâmicas que datam de há 3200 a. C. às rotas do sal, da seda e do âmbar, importar e exportar são atividades de suma importância econômica, social e política.
A Receita Federal brasileira define a importação como sendo a entrada temporária ou definitiva, em território nacional de bens ou serviços, originários ou procedentes de outros países, a título oneroso ou gratuito. Por outras palavras, essa atividade econômica reporta-se a tudo aquilo que é produzido em outra fronteira e que entra no nosso país.
Já a exportação corresponde à saída, temporária ou definitiva, do território nacional de bens ou serviços originários ou procedentes do nosso país, seja também de tipo oneroso ou gratuito. Trata-se, em suma, de tudo aquilo que é produzido em um país e enviado para outro.
Juntas, a importação e a exportação formam o comércio internacional e dão origem à chamada “balança comercial”, uma ferramenta cujo saldo registra a diferença entre tudo aquilo que entrou e que saiu de um país em um determinado período de tempo. Esse é um importante indicador econômico, ajudando a aferir o desempenho de uma economia. Atualmente, na maioria dos países, o comércio internacional representa uma parcela significativa do Produto Interno Bruto (PIB).
Em 2019, o valor comercial global das mercadorias exportadas e importadas em todo o mundo correspondeu a aproximadamente U$ 19 trilhões de dólares. Para se ter a dimensão da quantidade de dinheiro envolvida nessas transações, basta pensar que 1 milhão de segundos equivale a 11 dias, 1 bilhão de segundos a 31 anos e 1 trilhão de segundos… a cerca de 31700 anos!
No Brasil, de acordo com dados do Ministério da Economia, em 2020, foram contabilizados US$ 209,921 bilhões em exportações e US$ 158,926 bilhões em importações. Assim, a corrente de comércio foi de um total de US$ 368,847 bilhões. O nosso país é ainda o 29.° maior importador do mundo, também segundo dados do mesmo Ministério, e o 27.º quando o assunto é exportação.
Esses são apenas alguns dados para começar a entender o panorama das importações e exportações no Brasil. Neste post, apresentamos muitos outros e ajudamos você a navegar melhor pelo comércio exterior praticado em solo nacional. Quais são os bens e produtos mais exportados pelo nosso país? Quem são os nossos principais parceiros comerciais? Que quantias vultosas eles movimentam? E as principais importações? Quais são os destinos dos produtos tupiniquins?
Vem com a gente aprender mais sobre esta área tão fascinante!
Exportações
Considerando o ano de 2020 e os dados obtidos na plataforma OEC (Observatory of Economic Complexity) e no Monitor do Comércio Exterior Brasileiro, a lista dos 10 produtos mais exportados pelo Brasil, com a respectiva taxa de participação no total de importações e o volume em dólares, é a seguinte:
1.º Soja
15% de participação – US$ 28,5 bilhões
Total exportado: cerca de 83 milhões de toneladas
Com uma produção de 124,845 milhões de toneladas na safra 2019/2020 e uma área cultivada de mais de 36 milhões de hectares, o Brasil é o maior produtor de soja do mundo. O grão é cultivado em várias regiões do país, com destaque para o estado do Mato Grosso, que lidera a produção nacional.
A China é a principal compradora da oleaginosa brasileira, importando mais de 55 milhões de toneladas em 2020, um volume que é 29% superior em relação a 2019.
Vale notar que, no ano de 2021, a soja vem batendo recordes de produção, o que deve corresponder a um aumento expressivo nas exportações até o fim deste ano.
2.º Minério de ferro e concentrados
12% de participação – US$ 22,7 bilhões
Total exportado: cerca de 280 milhões de toneladas
O minério de ferro é outra das riquezas abundantes do nosso país. O Brasil abriga a quinta maior reserva do mundo, equivalente a 17 bilhões de toneladas, e é o 2.º maior produtor do mundo.
As maiores jazidas estão em Minas Gerais (61,2% das reservas nacionais), Mato Grosso do Sul (com 28,1%) e o Pará (com 10,4%).
A China e a Malásia são os nossos principais parceiros comercial neste produto.
3.º Óleos brutos de petróleo ou de minerais betuminosos crus
9,4% de participação – US$ 19,5 bilhões
Total exportado: cerca de 57 milhões de toneladas
Desde a descoberta do petróleo do Pré-Sal em 2006, pode-se dizer que o Brasil passou a ser autossuficiente na produção desse insumo. Com a demanda interna plenamente atendida, o próximo passo foi a exportação.
Em 2020, a Petrobras bateu recorde de exportação. Ao todo, a companhia vendeu, no exterior, em média, 713 mil barris diários, o que representa uma alta de 33% em relação ao ano de 2019. A China é a principal compradora desse nosso insumo.
4.º Açúcares e melaços
4,2% de participação – US$ 8,8 bilhões
Total exportado: cerca de 26 milhões de toneladas
Em 2020, São Paulo continuou sendo o maior produtor nacional, com 341,8 milhões de toneladas, responsável por 51,2% da produção. Os nossos principais parceiros comerciais para este insumo são países como Argélia, Índia, Bangladesh, Emirados Árabes Unidos, Arábia Saudita e Nigéria.
Em 2021, a exportação de açúcar tem batido recordes, sobretudo em decorrência dos melhores preços em reais, do aumento da maior produção nas usinas do país e da diminuição na safra de alguns grandes produtores internacionais.
5.º Carne bovina
3,6% de participação – US$ 8,5 bilhões
Total exportado: cerca de 1,5 milhão de toneladas
Fresca, refrigerada ou congelada, a carne bovina nacional faz sucesso lá fora, tanto assim é que em 2020 bateu recordes de exportação.
O maior produtor é o estado de Mato Grosso, seguido por São Paulo e Goiás. Os chineses são os que mais compram carne do Brasil: cerca de 40% do total vendido. Em 2020, o nosso país contava com 35 unidades frigoríficas habilitadas à exportação para o gigante asiático e mais 26 à espera de habilitação autorizada.
6.º Farelos de soja e outros alimentos para animais
3,1% de participação – US$ 5,9 bilhões
Total exportado: cerca de 16 milhões de toneladas
7.º Celulose
2,9% de participação – US$ 5,6 bilhões
Total exportado: cerca de 14 milhões de toneladas
8.º Demais produtos da Indústria de Transformação
2,7% de participação – US$ 5,2 bilhões
9.º Carne de aves
2,6% de participação – US$ 5,1 bilhões
Total exportado: cerca de 4 milhões de toneladas
10.° Óleos combustíveis de petróleo
2,31% de participação – US$ 4,0 bilhões
Total exportado: cerca de 13 milhões de toneladas
No quesito exportação, os países para os quais o Brasil mais exporta são China (33,6% de participação), Estados Unidos (9,84% de participação), Argentina (3,88% de participação) Holanda (3,68% de participação) e Espanha (2,1% de participação).
Falemos agora das importações.
Importações
Em 2020, as importações caíram 9,7% e alcançaram a marca de US$ 158,93 bilhões. Essa queda foi, em parte, o reflexo de um ano de incertezas ocasionadas pela pandemia da Covid-19.
Os produtos mais importados pelo Brasil, considerando dados de janeiro e outubro de 2020, são:
1.º Adubos ou fertilizantes químicos (exceto fertilizantes brutos)
5,1% de participação – US$ 6,5 bilhões
Apesar de ser uma potência no agronegócio, o Brasil tem que importar 75% dos adubos que utiliza e o faz sobretudo comprando da Rússia. Os altíssimos investimentos necessários para o processo de mineração, fabricação e logística desses insumos de origem mineral explicam parcialmente a nossa dependência em relação à compra internacional.
A necessidade é alta pelo país afora, sobretudo em estados do sul e do norte do país, nas plantações de soja e o tabaco.
2.º Óleos combustíveis de petróleo ou de minerais betuminosos (exceto óleos brutos)
4,9% de participação – US$ 6,2 bilhões
Já afirmamos neste artigo que o Brasil é autossuficiente em relação ao petróleo, o que é factualmente verdade. Mas isso se dá em relação ao petróleo pesado, mais difícil de processar, gerando, por isso, muito combustível, só que a um custo alto. Como as nossas refinarias são voltadas para óleo leve, é mais vantagem exportar nosso óleo pesado ou usá-lo para outras finalidades, como o asfaltamento de ruas.
A principal origem do nosso petróleo importado é os Estados Unidos.
3.º Plataformas, embarcações e outras estruturas flutuantes
4,32% de participação – US$ 5,4 bilhões
Plataformas, embarcações e outras estruturas flutuantes são o segundo item que o Brasil mais importa da China, representando 6,9% das exportações do gigante asiático para o nosso país – o primeiro são os equipamentos de telecomunicações, o próximo item da nossa lista.
4.º Equipamentos de telecomunicações, incluindo peças e acessórios
4,29% de participação – US$ 5,4 bilhões
O Brasil ainda não tem uma indústria consolidada voltada a componentes e equipamentos eletrônicos em geral. Como o consumo tem crescido muito nos últimos anos, com uma média de 1,6 dispositivo portátil por habitante, a solução é importar.
E é da China que vem quase 60% de todo nosso fornecimento. A indústria chinesa tem alguns dos maiores produtores de tecnologia tanto em volume quanto em qualidade, com bom custo benefício.
5.º Obras de ferro ou aço e outros artigos de metais comuns
3,54% de participação – US$ 4,4 bilhões
A indústria brasileira, apesar de ter crescido nos últimos anos, ainda é muito dependente da compra internacional de determinados itens. Destinadas à indústria de transformação, as obras de ferro ou aço e outros artigos de metais comuns também têm destaque nas importações brasileiras.
As principais origens das nossas importações são, nesta ordem, a China, os Estados Unidos, a Alemanha, a Argentina, o Japão, a Índia, a Coreia do Sul, a Itália e o México.
Estados em destaque no comércio internacional
Entre os estados mais exportadores do nosso país, estão São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais. Em oitavo lugar nessa lista, aparece Santa Catarina. Em relação às importações, São Paulo, Rio de Janeiro e Santa Catarina são os líderes.
Em 2020, o estado catarinense importou $16 bilhões, sobretudo em cátodos de cobre, ureia e dispositivos fotovoltaicos. Esses números impressionantes para aquele que é o 20.º maior estado brasileiro são explicados devido a uma boa rede rodoviária, autossuficiência local em portos e aeroportos, benefícios fiscais e vantagens tributárias para as empresas locais e mão de obra qualificada.
Chegamos ao fim deste post. Esperamos que ele tenha ajudado você a entender um pouco melhor do universo complexo e fascinante do comércio exterior e, assim, a identificar oportunidades. Nos nossos e-books, você encontra vários outros dados contextualizados que ajudam a compreender em que produtos e itens vale a investir no momento.
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Open Market – Comércio Exterior