Colérico, melancólico, fleumático e sanguíneo – na Psicologia, existem designações específicas para diferentes temperamentos, ou seja, diferentes modos de ser e de reagir aos acontecimentos por parte das pessoas.
Na Administração, trabalha-se com a matriz SWOT, que permite traçar um raio-X de uma empresa, apontando as suas forças, fraquezas e oportunidades e as ameaças à sua existência.
Já no campo dos investimentos financeiros, trabalha-se com o conceito de “suitability”, uma palavra inglesa que designa um conjunto de critérios que permite identificar as preferências e as expectativas de um investidor em relação aos seus investimentos.
Em todos esses exemplos, está implícita a ideia de que conhecer o perfil – ou seja, o conjunto de características básicas seja de uma pessoa, de uma empresa ou de uma forma de investir – pode nos ajudar a dar um direcionamento melhor para ações, objetivos e expectativas.
Por exemplo, alguém que saiba que é enquadrado no temperamento sanguíneo, sabe que tem propensão à impulsividade, e esse pode ser um aspecto que precisa ser trabalhado ao longo da vida. A partir disso, a pessoa pode ficar mais atenta a essa característica. Uma empresa que identificou que a alta rotatividade de funcionários é uma de suas fraquezas pode traçar ações de modo a tentar superar esse problema. Um investidor que se enquadra no perfil conservador sabe que deseja correr menos riscos e, portanto, concentra os seus ativos no Tesouro Direto, por exemplo.
Assim como na vida, nos negócios não existe um só caminho. E determinadas escolhas não são necessariamente piores ou melhores; o que existe, na verdade, são escolhas mais ou menos adequadas a casos particulares, a contextos específicos. Ora, como saber quais são essas escolhas, se não tivermos um nível razoável de autoconhecimento?
E no comércio exterior? Como podemos delimitar os diferentes comportamentos do setor? O que importa considerar nesse contexto? Partindo de uma analogia com os critérios utilizados no setor financeiro, traçamos os diferentes perfis de importador.
Continue a leitura, descubra qual é o seu e use esse conhecimento em seu favor!
Perfil conservador
Um perfil conservador nos negócios é aquele que preza, em primeiro lugar, pela segurança financeira do empreendimento, ou seja, não quer perder dinheiro e não está disposto a correr muito riscos. Aqui, convém lembrar uma regra que vale para qualquer negócio: quanto maior o risco, maior o ganho, mas também maior a perda. Empresários com esse perfil estão sempre atentos a essa regra e às condições do setor. Por isso, buscam se envolver em transações com baixo risco, que podem até ter menor potencial de retorno financeiro, mas no fundo garantam a preservação do patrimônio da empresa.
Este é um bom perfil a se adotar caso se esteja ingressando no setor do Comércio Exterior ou como resposta a um contexto de crise, por exemplo.
No primeiro caso, é importante conhecer fornecedores, trâmites legais, compradores etc. para aí passar a se aventurar mais. Você sabia, por exemplo, que é possível ser Microempreendedor Individual (MEI) e realizar importações? A importação por MEI é totalmente legal, inclusive com a obtenção do Radar Siscomex, e não há restrição de valores ou produtos, estando a empresa sujeita às mesmas regras do que uma importação qualquer – transações de menos de $ 3 mil podem ser por via simplificada. É claro que a empresa ficará limitada ao faturamento de R$ 60.000 por ano. Esta é uma opção conservadora, mas perfeitamente adequada para quem está começando!
Em relação ao contexto de crise, pense, por exemplo, em um período de alta do dólar, que faz com que as importações fiquem mais onerosas. É importante, em um momento como esse, frear os investimentos, reavaliar despesas e estudar potenciais mudanças, de modo a garantir a saúde financeira e a própria viabilidade do negócio – essas são, em suma, ações tipicamente conservadoras.
Perfil de investidor arrojado
Podemos dizer que um empresário arrojado é o oposto do conservador. Neste perfil, o risco é assimilado como parte inerente dos negócios. Ele se aplica, geralmente, a empresários mais experientes, com capital consolidado e que não sofrerão tanto com eventuais perdas.
Tais indivíduos sabem que para se ganhar mais é preciso arriscar mais, e que perdas no presente podem significar ganhos no futuro. Eles se arriscam mais, em suma porque sabem que vivemos em um mundo VUCA, ou seja, volátil, incerto, complexo e ambíguo. Para ter sucesso nesse ambiente, é preciso uma dose de ousadia e de criatividade.
De fato, para solucionar os inúmeros problemas que estão cada vez mais constantes e inesperados na área do Comércio Exterior, o empresário precisa muitas vezes pensar fora da caixa e fazer as coisas de uma forma completamente diferente, bolando soluções logísticas e mercadológicas inovadoras.
Vamos dar um exemplo:
Em 2020, muitas empresas tiveram perdas históricas em virtude da pandemia da Covid-19. Então, a maior parte dos negócios frearam investimentos. Na contramão dessa tendência, o comércio de importação de vinhos cresceu 5% em volume apenas nos primeiros cinco meses desse ano, somando 43 milhões de litros. Isso demonstra a resiliência do setor, que continuou a ser uma ótima opção de investimento mesmo em tempo de crise. Ou seja, quem se arriscou e continuou investindo nesse produto lucrou.
Mas, atenção, todas essas coisas não querem dizer que esse perfil de empresário seja irresponsável e haja sem estratégia apenas para correr riscos fúteis. Normalmente, ele conhece bem o mercado e acompanha as tendências, com o diferencial de saber que que uma eventual perda não terá tantas consequências negativas par ao seu negócio.
Perfil de investidor moderado
O investidor moderado é, como o próprio nome indica, o meio termo, o equilíbrio entre os dois perfis anteriores, incorporando características de ambos. Embora preze pela segurança, esse tipo de empresário está aberto a aventuras mais arriscadas e sabe que às vezes, para lucrar mais, é preciso sonhar um pouco mais alto.
Assim, haverá situações em que esse perfil moderado vai se arriscar mais, e outras em que agirá como um típico conservador. É um perfil que tenta conciliares posições opostas: por um lado, deseja fazer o patrimônio da empresa crescer e, por outro, não está aberto a arriscar-se tanto assim. Geralmente, esse posicionamento é encontrado em pessoas com um determinado tempo de negócio e com reservas já consolidadas.
Como dissemos de início, não existe um perfil mais correto em termos absolutos. Isso sempre vai depender de fatores como tempo de vida da empresa, contexto, condições econômicas, objetivos etc. Nos negócios, é provável que passemos fases mais conservadoras, outras mais moderadas e outras mais arrojadas. O importante é conhecer os diferentes perfis e usar isso em seu favor.
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Até o próximo post!