Há cerca de pelo menos uns 7 mil anos, os seres humanos estabelecem trocas comerciais entre diferentes países e regiões do mundo. Por exemplo, há cerca de 3 mil a. C., a Civilização do Vale do Indo, localizada entre a Ásia e o norte de África, realizava intensas trocas comerciais de produtos que vão de selos a bibelôs até com a ilha grega de Creta, a uns 5 mil km de distância!

As trocas comerciais, inicialmente, eram feitas usando o escambo, ou seja, se davam por meio do intercâmbio de um bem ou serviço por outro bem ou serviço. A partir da invenção do dinheiro, no séc. VII a. C., esse cenário mudou, e as transações passaram a ser intermediadas por moedas. Séculos depois, chegamos ao quantitativo de 182 tipos atualmente em circulação em todo o mundo, adotados por diferentes países ou territórios independentes. Do apsar abecásio, adotado na Abecásia, ao Euro da União Europeia, passando pelo dólar dos Estados Unidos e pelo nosso real, cada moeda dessas tem características específicas, que são afetadas pelas condições econômicas de cada país.

E como ficam então as trocas comerciais entre diferentes países? Sabemos que com um real é possível comprar, em média, dois pães franceses, mas quantos reais são necessários para comprar um dólar? E um euro?

 

Para responder a essas perguntas, foi inventada a taxa de câmbio. Ela nada mais é do que uma tentativa de estabelecer uma relação entre as moedas dos diferentes países, adotando o preço de uma delas medido em relação à outra. O câmbio é uma das variáveis macroeconômicas mais importantes, com impactos nas relações comerciais e financeiras de um país e, consequentemente, do resto do mundo também. Ela pode influenciar diretamente não só o sistema econômico e as empresas, mas o dia a dia das pessoas comuns.

De que forma isso acontece? Como a alta ou a baixa de uma determinada moeda em relação ao real afeta o nosso país? Este artigo é dedicado à taxa de câmbio. Nele, respondemos a essas perguntas e deixamos você por dentro de um “resumão” do que é preciso saber esse assunto.

Como é calculada a taxa de câmbio?

No dia em que escrevemos este artigo, para comprar um dólar, são necessários R$ 5,34. Já se quisermos comprar uma libra esterlina, a moeda do Reino Unido, precisamos desembolsar R$ 7,56. Mas como se chega a esses valores?

Diversos são os fatores que podem aumentar ou diminuir a cotação de uma moeda estrangeira em relação a outra. Esses valores inclusive podem variar bastante ao longo de uma mesma semana.

De todo modo, o principal fator é a lei da oferta e demanda da moeda. Assim, se há muita moeda no mercado, o preço dela tende a cair; se há menos, o preço tende a aumentar. Inclusive, se houver uma grande variação no valor da moeda, o Banco Central tem ferramentas para intervir e impedir uma queda ou um aumento muito brusco.

Por exemplo, o dólar é uma moeda forte e valorizada em relação a muitas outras, uma vez que diversas transações comerciais internacionais são feitas em dólar – existe uma alta demanda para essa moeda. Não à toa, os dados das balanças comerciais são expressos em dólar.

Além disso, diversos fatores políticos e econômicos podem tornar uma moeda mais forte ou mais fraca, influenciando o preço final da taxa de câmbio. Por exemplo, o real é a 16.ª moeda mais negociada no mundo, é a segunda mais negociada na América Latina e quarta mais negociada nas Américas. Contudo, nos últimos tempos, das 30 moedas mais negociadas do mundo, nenhuma se desvalorizou tanto como a nossa. Especialistas apontam incertezas internas, entre outras razões, como a causa dessa conjuntura.

 

Como a taxa de câmbio afeta a economia?

Os investimentos externos são cotados em moedas estrangeiras – só isso já faria com que o câmbio influenciasse diretamente a inflação e os preços nacionais, uma vez que uma grande quantidade de produtos de um país é de procedência estrangeira.

Mas, além disso, há outros fatores a levar em conta.

E para respondermos à pergunta acima, devemos nos atentar a dois conceitos: desvalorização cambial e valorização cambial.

 

A desvalorização cambial ocorre quando a moeda nacional perde valor frente à moeda estrangeira. Em geral, os efeitos são:

– a renda nacional diminui em termos internacionais;

– o preço dos bens domésticos no exterior diminui, e as exportações aumentam;

– o preço dos bens importados aumenta e as importações recuam, o que pode levar ao crescimento da inflação;

– a moeda desvalorizada afeta positivamente o turismo e tende a haver um aumento dos ganhos nesse setor. Em geral, os efeitos são:

 

Já a valorização cambial ocorre quando a moeda nacional ganha valor em relação à moeda estrangeira – ou seja, passam a ser necessários menos reais para comprar aquela determinada moeda.

– a renda nacional aumenta em termos internacionais;

– o preço dos bens domésticos no exterior aumenta, e as exportações diminuem;

– preço dos bens importados diminui, e as importações aumentam, o que pode também levar ao crescimento da inflação;

– a moeda valorizada torna o turismo mais caro.

 

E para as empresas?

No Brasil, a taxa de câmbio é responsável direta pelo aumento da inflação e pelo aumento ou diminuição dos juros. A demanda pelos produtos nacionais acompanha o mesmo ritmo.

Desse modo, caso ocorra um aumento nas taxas de juros, a consequência é a diminuição do consumo, ou seja, tende a haver uma diminuição nas vendas e, consequentemente, da produção. Por outro lado, pode ocorrer uma queda dos juros, aumentando o consumo e, consequentemente, elevando as vendas e proporcionando um aumento de produção.

As empresas devem sempre estar preparadas para oscilações da taxa de câmbio, organizando um bom fluxo de caixa. Além disso, é importante ficar de olho em potenciais oportunidades, quer em tempos de cambio valorizado ou desvalorizado. Por exemplo, neste post recente publicado aqui no blog, mostramos por que o atual momento é propício para o investimento na importação de equipamentos e neste outro te mostramos como analisar as ameaças e oportunidades com a alta do dólar na importação.

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Esperamos te ver de volta!

 

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